Apresentação
O Laboratório de Escritas Etnográficas Contra-Hegemônicas As palavras perto da boca é um curso de extensão universitária promovido pelo Instituto de Antropologia, da
Universidade Federal de Roraima e coordenado pela professora Marília Floôr Kosby. O objetivo dessa atividade é
aproximar alunos de práticas de
escrita, bem como de reflexões acerca do ato de escrever. Com foco nas
potenciais singularidades dos corpos textuais e suas variações conforme os
corpos que escrevem, o Laboratório tem como base epistemológica obras
antropológicas que problematizam modelos hegemônicos de relação com as
palavras, como, por exemplo, os trabalhos da antropóloga franco-tunisiana
Jeanne Favret-Saada sobre feitiçaria e a palavra-ato, e o
livro A queda do céu, escrita pelo xamã yanomami Davi Kopenawa e o
antropólogo franco-marroquino Bruce Albert - obra que traz indagações sobre o
ato dos brancos de escrever como forma de não esquecer as palavras, por um
lado, e a atitude yanomami de se trazer as palavras perto da boca, por outro.
Fundamenta este projeto, outrossim, a ênfase dada pelo antropólogo britânico
Tim Ingold ao caráter criativo e inventivo da antropologia enquanto disciplina.
Referências Bibliográficas:
ALBERT, Bruce; KOPENAWA, Davi. A queda do céu. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 [2010]
ALMEIDA, Maria Inês de. Desocidentada. Experiência literária em terra indígena. Belo Horizonte/MG: Editora da UFMG, 2018
ANDRESEN, Sophia de Mello B. Coral e Outros Poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2018
ANZALDÚA, Gloria, Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas, vol 8, n 1, 2000. Tradução Edna de Marco
ATWOOD, Margaret. Negociando com os mortos. A escritora escreve sobre seus escritos. Rio de Janeiro: Rocco, 2004 [2002]
AZEVEDO, Carlito. O livro das postagens. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016
BARNET, Miguel. Cimarron. Buenos Aires: Ediciones del Sol, 1987
BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2013 [1973]
BUENO, Wilson. Jardim Zoológico. São Paulo: Iluminuras, 1999
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo: Olhar, ouvir, escrever. Brasília/DF: Paralelo 15 Editores, 1998
CÉSAIRE, Aimé. The Collected Poetry. Berkeley and Los Angeles, California: University of California Press, 1983
EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. ALEXANDRE, Marcos (org). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza, 2007
FAVRET-SAADA, Jeanne. Les mots, la mort, les sorts. Paris: Gallimard, 1977
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2000
FREITAS, Angélica. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Companhia das Letras, 2017
GEERTZ, Clifford. Obras e vidas. O antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2005 [1988]
GOLDMAN, Marcio. Jeanne Favret-Saada, os afetos, a etnografia. In: Cadernos de Campo n. 13: 149-153. 2005a
INGOLD, Tim. Estar vivo. Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis/RJ: Vozes 2015 [2011]
LEIRIS, Michel. A África fantasma. São Paulo: Cosac Naify, 2007 [1934]
MALINOWSKI, Bronislaw. Um diário sentido estrito do termo. Rio de Janeiro: Editora Record, 1997
RIBEIRO, Darcy. Maíra. Rio de Janeiro: Record, 2007
SIQUEIRA, Paula; LIMA, Tânia Stolze. Ser afetado, de Jeanne Favret-Saada. In: Cadernos de Campo n. 13: 155-161. 2005
SZYMBORSKA, Wislawa. [poemas]. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 [2011]
TROCHE, Gervasio. Bagagem. São Paulo: Lote 42, 2016
WILCKEN, Patrick. Claude Lévi-Strauss, o Poeta no Laboratório. São Paulo: Ed. Objetiva, 2011
Além de obras
propriamente antropológicas, os participantes encontrarão pressupostos e corpos
textuais de outras literaturas (poesia, prosa, roteiros, cartas), que apontam
trilhas para a experimentação daquilo que a escritora e pesquisadora chicana
Gloria Anzaldúa chamou de palavra encarnada. Nesse mesmo
sentido, vale salientar a contribuição da noção de escrevivência, cunhada
pela escritora brasileira Conceição Evaristo, a qual se refere à atenção da
escrita para aquilo que se vive, para a dimensão fenomenológica da escritura
como cartografia da experiência de corpos vivos no mundo.
Metodologicamente,
o projeto se desenvolverá em encontros semanais, nos quais serão realizados
exercícios de técnica de escrita, bem como leitura em voz alta de textos
autorais e de autores indicados no transcorrer dos encontros. O pressuposto
freiriano de liberação da palavra norteará a dinâmica de
participação nas atividades propostas, apontando para que alunos e demais
participantes, paulatinamente, encontrem, cultivem e se apropriem, de maneira
original, sua voz narrativa.
Espera-se, como
possível resultado da presente ação de extensão, que haja um estreitamento
afectivo na relação entre olhar, ouvir e escrever - ações tão caras ao trabalho
do antropólogo e da antropóloga e que merecem esforços constantes de
aperfeiçoamento, em termos de qualidade da produção acadêmica e sua relação com
o público extra-científico de interlocutores e leitores.
Referências Bibliográficas:
ALBERT, Bruce; KOPENAWA, Davi. A queda do céu. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 [2010]
ALMEIDA, Maria Inês de. Desocidentada. Experiência literária em terra indígena. Belo Horizonte/MG: Editora da UFMG, 2018
ANDRESEN, Sophia de Mello B. Coral e Outros Poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2018
ANZALDÚA, Gloria, Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas, vol 8, n 1, 2000. Tradução Edna de Marco
ATWOOD, Margaret. Negociando com os mortos. A escritora escreve sobre seus escritos. Rio de Janeiro: Rocco, 2004 [2002]
AZEVEDO, Carlito. O livro das postagens. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016
BARNET, Miguel. Cimarron. Buenos Aires: Ediciones del Sol, 1987
BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2013 [1973]
BUENO, Wilson. Jardim Zoológico. São Paulo: Iluminuras, 1999
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo: Olhar, ouvir, escrever. Brasília/DF: Paralelo 15 Editores, 1998
CÉSAIRE, Aimé. The Collected Poetry. Berkeley and Los Angeles, California: University of California Press, 1983
EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. ALEXANDRE, Marcos (org). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza, 2007
FAVRET-SAADA, Jeanne. Les mots, la mort, les sorts. Paris: Gallimard, 1977
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2000
FREITAS, Angélica. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Companhia das Letras, 2017
GEERTZ, Clifford. Obras e vidas. O antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2005 [1988]
GOLDMAN, Marcio. Jeanne Favret-Saada, os afetos, a etnografia. In: Cadernos de Campo n. 13: 149-153. 2005a
INGOLD, Tim. Estar vivo. Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis/RJ: Vozes 2015 [2011]
LEIRIS, Michel. A África fantasma. São Paulo: Cosac Naify, 2007 [1934]
MALINOWSKI, Bronislaw. Um diário sentido estrito do termo. Rio de Janeiro: Editora Record, 1997
RIBEIRO, Darcy. Maíra. Rio de Janeiro: Record, 2007
SIQUEIRA, Paula; LIMA, Tânia Stolze. Ser afetado, de Jeanne Favret-Saada. In: Cadernos de Campo n. 13: 155-161. 2005
SZYMBORSKA, Wislawa. [poemas]. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 [2011]
TROCHE, Gervasio. Bagagem. São Paulo: Lote 42, 2016
WILCKEN, Patrick. Claude Lévi-Strauss, o Poeta no Laboratório. São Paulo: Ed. Objetiva, 2011
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